Atualmente, a violência exercida por familiares ou responsáveis contra suas crianças e adolescentes é considerada pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública. Essa forma de violência não é uma expressão da modernidade; faz parte da própria história cultural das sociedades desde os tempos mais antigos de que se têm registro. O que tem contribuído para que hoje ela seja mais visível talvez seja o desenvolvimento de uma consciência social em torno do tema da proteção à infância. Daí não ser mais possível ignorar sua presença no cotidiano de milhares de crianças e adolescentes. Mas, como podemos entender que pais agridam seus filhos, abusem de suas crianças desde a mais tenra idade? Considerando que todos somos almas caminhando para a perfeição, a reencarnação é o mecanismo de aquisição de experiências e conhecimentos necessários para atingir esta condição. No processo de vidas sucessivas, os encontros e desencontros se dão de maneira gradativa e natural, tanto com almas queridas, com quem estreitaremos os laços de afinidade e de amor, como com almas desafetas, a quem lesamos, enganamos e ultrajamos em vidas passadas. Alguns destes adversários de ontem encontraremos hoje sob o teto do lar, onde nos preparamos para vitória da vida, na condição de pai, mãe, filhos, irmãos, etc. Tais pessoas estão ao nosso lado atendendo ao imperativo da necessidade de ajuste recíproco. A defesa da vida humana é uma lição consagrada pelo Cristianismo e adotada pela Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec. A Associação Médico-Espírita do Brasil, publicou em seu site (http://www.amebrasil.org.br/2018/?q=repercurssoes-aborto) uma nota oficial, no último dia 19, trazendo algumas reflexões sobre o caso da menina de 10 anos, a qual reproduzimos em parte. “(…) O aborto não tira da vítima de abuso a maior dor que ela carrega consigo, que é a da violência a qual ela foi submetida. E, certamente, o alívio real só acontecerá quando for possível o perdão. Será que uma abordagem médica e espírita, nos permite uma visão unilateral, sem avaliar a realidade do reencarnante e as suas necessidades? Será que nos esquecemos de que a vítima do aborto é um ser frágil e sem capacidade de defesa neste mundo materialista e imediatista? Será que a retirada do feto do útero retira a marca da dor e encerra os desajustes advindos da violência? Precisamos ter cuidado com as artimanhas dos que defendem o aborto. Abrir espaço para a sua realização, em especial, quando amparada por uma ordem judicial, é criar jurisprudência para o alastramento dos pedidos e dos abortamentos. (…) E ao lembrar-nos de Jesus, temos a certeza de que, em sua grandeza espiritual, ele nos concitaria ainda a envolver em nossas preces os irmãos doentes que cometem a torpeza do abuso sexual e aqueles que realizam tais procedimentos.” Abortar não apaga o crime do abuso sexual e não alivia a dor, podendo ser um fator grave posterior na vida dessa menina de 10 anos, que deve receber toda a atenção e auxílio psicológico dos responsáveis e da comunidade. Mas a pergunta que temos que responder com a dignidade de nossa consciência é: quem é a maior vítima nessa história muito triste? O bebê! Sim, o bebê, porque um aborto provocado é sempre um homicídio. Procuremos evitar mais uma pena de morte para as crianças que têm assegurado, por lei, o direito de nascer.